quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Genericamente

A adopção dos medicamentos genéricos tem dado motivo de alguma polémica em Portugal, fazendo oscilar culpas e acusações entre médicos, utentes, laboratórios e farmácias. Mas o mercado tem sempre modos de reacção, o que faz com que, também aqui, se assista a algo que só os mais distraídos ainda não perceberam: a face mercantil dos genéricos.
No início, os genéricos pareciam trazer consigo parte da solução para a reabilitação da imagem de médicos e laboratórios. As suspeições das viagens, dos brindes, dos colóquios, das ofertas, pendiam sobre as suas relações. Também pareciam ser a resposta certa para o alarmante gasto do Estado com a comparticipação medicamentosa e com o encargo que os receituários importavam para o orçamento familiar português, com maior gravidade nos mais idosos.
Acontece que, agora, assiste-se na televisão à publicidade de laboratórios que produzem genéricos [que segundo o INFARMED, e no que toca a genéricos disponíveis, serão cerca de 37 com autorizações de introdução no mercado] e a questão que emerge é esta: quanto tempo demorará a que comecem a promover colóquios, a darem viagens, brindes? …

j.marioteixeira@sapo.pt