quinta-feira, 16 de setembro de 2004

Pela boca morre o peixe ou a hora do PS

À saída da reunião da Comissão Política do PS, no pretérito dia 14 de Setembro, Manuel Seabra reagiu assim aos jornalistas quanto à decisão daquela comissão em apontá-lo como instigador e, assim, principal responsável dos acontecimentos de 9 de Junho deste ano, que antecederam a morte de Sousa Franco:

“Vou aguardar que me seja facultada toda a prova que consubstancia as conclusões para depois saber o que foi provado, se o foi devida ou indevidamente, e se eventualmente não existe até matéria claramente difamatória da minha honra”

Resulta claramente das palavras de Manuel Seabra que o mesmo não tem sequer o mínimo à-vontade para reclamar inocência. Não dá para acreditar em más escolhas de palavras nem em frases dúbias de circunstância. A sua preocupação é saber o que foi provado e se o foi devidamente ou não. Ora, em sua consciência, provada ou não, Manuel Seabra sabe qual a verdade dos factos. Daí que se preocupe em saber se essa verdade está provada e, estando, se do modo devido. A questão não está em saber se existem mentiras, a questão está em saber até onde a verdade vai sabida.

Por seu turno, Narciso Miranda, veio já afirmar que tem muitas obras em curso para outros mandatos, dizendo ainda que em breve irá falar e que tem muito que falar. Pois tem, realmente tem. Pena que aquilo de que tem muito que falar nunca falará. Isso é que é pena. E não se espantem que assuma uma candidatura independente, à revelia do PS. Aliás, um cenário cada vez mais provável.
São estes senhores, e outros, que prestam um péssimo serviço à política como causa pública, e envergonham quem defende valores de esquerda. Razão pela qual tem bastante significado a decisão do PS em não apoiar nem Narciso Miranda nem Manuel Seabra nas próximas autárquicas. Foi a hora do PS, a hora de pôr um ponto final no que há muito se passa em Matosinhos e, ao mesmo tempo, de se livrar de um incómodo cacique que, doutra forma, se iria perpetuar, e que, mesmo assim, já dura há demasiado tempo.

j.marioteixeira@sapo.pt