quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Politicamente correcta e não só


"Importa avaliar com realismo a situação e tomar a decisão que melhor acautela o interesse nacional".

“São questões completamente inoportunas.”

Aqui estão duas frases sintomáticas do carácter politicamente correcto da Ministra da Educação, na sua comunicação ao país. Uma comunicação [anunciada pelo seu próprio gabinete] que desde a manhã de ontem era aguardada, só acontecendo após as 21.00 horas, envolta em mistério, para ao fim de contas anunciar uma medida: a colocação manual dos professores.
A primeira frase reporta-se à avaliação do actual sistema de colocação dos professores, e dizendo muito em rigor não diz absolutamente nada. Mas não deixa de ser um exercício clássico de retórica por parte de Maria do Carmo Seabra.
A segunda frase responde a uma questão muito simples: irá o governo processar a Compta [empresa responsável pelo processamento informático da colocação dos professores]? Pela resposta, pode-se desde já deduzir que não há qualquer interesse do governo em se comprometer publicamente em tal matéria, pelo que não se estranhe que nada venha ser feito.
Foi tudo muito politicamente correcto e institucionalmente cauteloso. Como ditam as boas regras da política em momentos de maior constrangimento. Se for possível mudar tudo para que tudo fique na mesma, então ainda melhor.

j.marioteixeira@sapo.pt