quinta-feira, 16 de setembro de 2004

SMO – the end

Tenho dúvidas, tenho sérias dúvidas que Portugal beneficie com o fim do Serviço Militar Obrigatório [SMO]. Não falo em termos de custos, como é evidente. Falo em termos de futuro.
Neste momento, é natural que os voluntários sejam em número suficiente: a crise ainda se reflecte, está difícil arranjar emprego, o abandono escolar é alto. Neste momento até é possível que seja financeiramente interessante terminar com o SMO: são menos despesas, menos custos.
Uma coisa é certa: como funcionava o SMO, não dava para continuar. Era um incómodo; não era remunerado; acabava por se tornar num atraso de vida. Aliás, pela nossa história militar, principalmente a mais recente, o SMO nunca foi algo em que houvesse grande investimento ou preocupação. Pelo contrário: foi sempre, mais ou menos, desprezado.
Acredito que nos dias de hoje, a defesa de um SMO seja anacrónica. Mesmo de um SMO que se integrasse nos direitos e deveres de cidadania, que fizesse parte dos laços que se criam entre o individuo e a sociedade, entre o cidadão e a nação. Mas mesmo assim, preocupa-me que os nossos militares sejam apenas profissionais, que se perca a ligação entre as Forças Armadas e a sociedade civil [aqui sim, deve-se falar de sociedade civil, e não no âmbito da política ou da linguagem partidária].
Oxalá, a história futura [conceito sui generis, bem sei] não traga motivos graves de reflexão.

j.marioteixeira@sapo.pt