quinta-feira, 28 de outubro de 2004

E depois?

Pelas declarações proferidas por Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Gomes da Silva e Paes do Amaral mentiram.
A maioria parlamentar que sustenta o governo escudou o Ministro dos Assuntos Parlamentares e recusou-se a ouvir Marcelo Rebelo de Sousa. Porque certamente sabiam o que se escondia por trás dos pruridos e das birras com que tentavam sacudir a água do capote.
Depois do golpe de Marcelo Rebelo de Sousa abandonar a TVI e obrigar a vir à rua Pedro Santana Lopes, as suas declarações à Alta Autoridade para a Comunicação Social foram o seu último movimento para xeque-mate. Digno de um Mestre, que o é.
Duas coisas podem vir a ficar claras: um ministro e uma maioria parlamentar mentiram e um governo chantageou. Podem.
Ora, se isto é o regular funcionamento das instituições democráticas o P.R. nada terá de fazer. Se não for o regular funcionamento das instituições democráticas, o P.R. dificilmente fará alguma coisa.
O mesmo vale dizer que este é um momento mau para o governo, tão mau quanto ele próprio é. Mas é um momento, e é o governo que temos e que continuaremos a ter. Um governo embora indigitado mas suportado por uma maioria parlamentar eleita democraticamente e com a confiança de um P.R. eleito democraticamente. E isto, para um democrata, é que o mais custa saber.


j.marioteixeira@sapo.pt