quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Súmula delirante de um conflito sem razão

Primeiro havia armas de destruição massiva e lá começaram as inspecções da ONU. Depois as inspecções estavam a levar demasiado tempo e por isso os EUA resolveram lançar um ultimato.
Face à alegada demora nas inspecções, os EUA, com o apoio do Reino Unido, decidem avançar e invadir o Iraque.
Tomada Bagdad, é declarado o fim da guerra. Mas esta continua, espalhada por todo o território, no combate directo a bolsas de resistência e aos atentados terroristas.
O fugitivo Saddam Hussein é capturado num buraco com uma mala cheia de dólares, sabe-se lá para quê.
Como as alegadas armas de destruição massiva não aparecem, o argumento passa a ser o combate ao terrorismo [que passou a haver só após a invasão do Iraque] e a libertação do povo iraquiano da ditadura de Saddam Hussein [sem qualquer plano ou negociação séria e válida para implantar a democracia com as forças dominantes no terreno cada vez mais anti-ocidente e com torturas sobre presos por delitos comuns].
Entretanto a guerra que fora declarada como finda continua, aumentando o número de mortos e de estropiados.
Por fim, o Secretário-Geral da ONU reconhece que a Invasão do Iraque foi ilegal. Reconhece mas por meias palavras: respondendo à pergunta do jornalista “então a guerra foi ilegal!?”, Kofi Anan responde “Se quiser por as coisas assim…”
Agora um relatório norte-americano da própria CIA, finalmente, afirma o que já se sabia: não há armas de destruição massiva no Iraque. Mas ressalva: não há mas houve. Sim, realmente houve, nos tempos da guerra com o Irão, de 1980 a 1988. Nos mesmos tempos em que os EUA apoiaram o Iraque contra o Irão e, juntamente com a ONU, fecharam os olhos ao uso de armas biológicas contra o exército iraniano.
Até quando tem a humanidade que suportar a irresponsabilidade da super-potência norte-americana com a cumplicidade da ONU?
Com o despertar da gigante China no horizonte, o futuro da humanidade está cada vez mais obscuro.

j.marioteixeira@sapo.pt