terça-feira, 30 de novembro de 2004

Fernando Pessoa – 30 de Novembro de 1935



NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa querer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!

[in Mensagem: III Os tempos - Nevoeiro, de Fernando Pessoa
]

O Poeta faleceu a 30 de Novembro de 1935.

j.marioteixeira@sapo.pt