Sinais dos tempos de hoje [actualizado]
Bush ganhou a Kerry, o que era de certo modo aguardado como natural. Natural enquanto existir Bin Laden, natural enquanto houver guerra no Iraque, natural enquanto prevalecer a ideia miliciana de que o terrorismo se resolve pelo conflito armado. Bush ganhou não porque o povo norte-americano seja “estúpido” e não perceba as diferenças mais do que virtuais entre Bush e Kerry, mas porque é sabido que em períodos de guerra e de medo [que subsiste em letargia e atravessa a sociedade norte-americana] a reacção é tendencialmente conservadora, não apenas em termos de conservadorismo ideológico mas também por oposição à mudança, emergindo a continuidade como a via mais segura e certa em tempos difíceis.
Todavia, apesar da minha preferência ter sido sempre Kerry há que assumir claramente a falta de carisma do candidato democrata e a sua inconsequente oscilação na abordagem da Guerra do Iraque sem que alguma vez tivesse apresentado uma solução clara e concreta de resolução do conflito. E seria essa solução clara e concreta que poderia levar o povo norte-americano a superar o medo da mudança. O que não aconteceu.
j.marioteixeira@sapo.pt
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