quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

"O ALVO"

"O PSD vai propor a limitação dos poderes presidenciais para que não seja possível um Presidente da República dissolver o Parlamento de forma "discricionária", diz o Público de hoje.
O alvo não é Jorge Sampaio, mas sim Cavaco Silva. As propostas de Santana Lopes para limitar os poderes presidenciais destinam-se a garantir que Cavaco Silva, caso seja Presidente, fique uma figura puramente decorativa".

O post é de Pacheco Pereira, no seu Abrupto de hoje.
Discordo de Pacheco Pereira nesta sua visão redutora. A delimitação dos poderes do Presidente da República [PR] visa o PR, qualquer que ele seja, e não o seu [de Pacheco Pereira] herói salvador da pátria. A tese da limitação dos poderes do PR seguiu-se à decisão de Jorge Sampaio em dissolver a Assembleia da República [AR], foi uma decisão reactiva [para não dizer reaccionária porque o uso de tal termo levaria a uma longa reflexão sobre a actualidade do termo anos volvidos após o PREC].
A governação de Santana Lopes é de si tão má quanto já foi escalpelizada por todo lado, com maior incidência na blogoesfera e, aqui, com maior relevo ainda para o Abrupto. Há, por isso, matéria mais do que suficiente para “atacar” Santana Lopes, sem que seja necessário salvar qualquer honra heróica.
Pacheco Pereira criticou e critica [muito bem] as “vitimizações”, e no entanto agora quer fazer emergir uma nova vítima, absolutamente virtual porque nem Cavaco Silva se afirma re-candidato às eleições presidenciais [repetindo o já enjoativo “tabu”] nem tal limitação vigoraria para um eventual mandato de cavaco Silva.
Compreendo o apelo insistente de Pacheco Pereira a Cavaco Silva, num ideal providencial, atento o deserto de referências que o PSD se tornou para si nos últimos 8 meses.
A ideia preconizada pelo PSD é, tão só, espelho da nossa organização política e social: não se age mas sim reage. Tal como não se defendeu a revisão da prisão preventiva até que figuras públicas/políticas foram apanhadas na sua teia.

j.marioteixeira@sapo.pt