quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Paulo Portas & Jerónimo Sousa

Do debate levado a cabo ontem na SIC Notícias, entre Paulo Portas e Jerónimo de Sousa, apesar de morno e de pouco estimulante, pode-se tirar algumas ilações com interesse:
- Paulo Portas cuidou de mostrar obra feita, relacionando-a com os 8% que obteve nas últimas legislativas, apelando ao voto para que mais possa fazer no próximo círculo eleitoral;
- Conseguiu separar em benefício do eleitorado do CDS-PP, as políticas do Governo;
- Cuidou de passar a mensagem política de sedução quer da ala conservadora da Direita quer do eleitorado do Centro-Direita [com natural prejuízo para o PSD];
- Reforçou a ideia do CDS-PP como um partido de governação responsável e fiel aos compromissos assumidos quer ao nível parlamentar quer ao nível governativo, em claro recado ao PS caso este não ganhe as próximas eleições com maioria absoluta;
- Jerónimo de Sousa conseguiu mostrar a serenidade necessária para se afirmar como líder do seu partido no seu primeiro debate televisivo, frente a um especialista na matéria;
- Teve o cuidado de adaptar a sua linguagem, não usando por uma única vez a clássica expressão “grande capital”;
- Evitou críticas directas ao PS, tomando uma “atitude ética” de “não agressão” ao ausente José Sócrates, tentando demonstrar correcção e responsabilidade partidária à Esquerda. [
Se Paulo Portas não revelou nada de novo no seu discurso e na sua estratégia, já Jerónimo de Sousa apresentou-se de um modo algo surpreendente [se compararmos o que se falou desde que surgiu como potencial substituto de Carlos Carvalhas], conseguindo contrariar a ideia do fundamentalismo de linguagem, sem recorrer as chavões e poupando críticas a José Sócrates por este se furtar aos debates televisivos.
De resto, o debate valeu pouco mais do que isto.

j.marioteixeira@sapo.pt