sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Porto de mágoas

A Invicta tem um traço histórico e ancestral de sofrimento, dor e sacrifício. Faz parte da sua génese, do molde da sua temperança orgulhosa e altiva. É assim, e não há nada a fazer.
Talvez por isso aguente a dor infligida por quem a maltrata, por quem a desilude e a injurie.
Talvez por isso lhe chamem Invicta.
Talvez.
Nos últimos anos, a Invicta tem abrigado mágoas e desgostos, que ferem o seu orgulho a golpes de vergonha e vexame. Mas resiste. Resiste para além dos agressores, dos paladinos salteadores da sua fortuna histórica e tradicional. Resiste, esperando que surja quem a ame, porque aprendeu a esperar.
Desengane-se quem pensa que a Invicta não sabe escolher. Sabe. Mesmo que a sua escolha seja para castigo de alguém.
A história recente tem mostrado que a Invicta concilia a pena com o orgulho. Assim foi quando renegou Fernando Gomes, que a abandonara por um cargo ministerial. Depois de ser largado pela amante quis voltar para casa, mas as portas fecharam-se.
Num futuro próximo, receio do dilema que se poderá pôr à Invicta, se ficar confrontada perante a escolha do menos mau. Ou se tiver de castigar alguém pelo mal que outrora lhe fez. Se acontecer, é mais uma mágoa a deitar amarras ao Porto. Mais uma.

j.marioteixeira@sapo.pt