segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

"EUROPA DOS CIDADÃOS"

É o título do post de Guilherme D`Oliveira Martins, na Casa dos Comuns, e que começa assim:
"A “Europa das Pátrias” cede lugar à “Europa dos cidadãos”. Por muito que haja resistências, a verdade é que, em vez de uma posição defensiva, torna-se indispensável tomar o conceito inclusivo de cidadania. A “Europa dos cidadãos” não pode fazer esquecer as diversas instituições, como factores de integração e de coesão. Daí a necessidade de compreender que a “pátria” é um lugar de pertença, de memória e de identidade. A “identidade” deixa de ser perigosa quando se integra num contexto de diversas pertenças e serve para caracterizar o que somos e o que nos distingue dos outros. Por isso, a ideia de fronteira deixa de ser sinónimo de separação, para se tornar linha de diálogo, de troca e de preservação da memória. As diferenças e os conflitos são conaturais à humanidade, como o diálogo, a complementaridade e o intercâmbio". [...]
Ora, o rumo que defende para o Projecto Europeu contradiz a génese do mesmo: o Projecto visava a criação de uma Europa das Nações. O recurso à terminologia de "Europa dos Cidadãos" não é mais do que um eufemismo para dar um último e derradeiro passo rumo aos "Estados Unidos da Europa", a nova Pátria, a nova Nação.
No dia em que se diluam as divergências e as pluralidades a que dá o nome de "soberanismos" e "nacionalismos", teremos uma Europa formatada, homogeneizada, onde os traços culturais e os sinais distintivos das diversas pátrias se fundiram num só.
Compreendo que depois da perda simbólica da moeda com o Euro, as diversas Pátrias terão muito pouco a que se agarrar para firmarem as suas legítimas diferenças. Tanto é assim que se defende uma Constituição para um conjunto de Estados soberanos [pelo menos parcialmente soberanos, ainda].
Seremos patriotas sendo europeus, amaremos a Nação que é a Europa. Tudo mais serão memórias passadas de séculos de afirmação e de coesão das antigas pátrias.
Tudo feito sem Assembleia Constituinte e com referendos a primar pela abstenção. E no entanto, será a "Europa dos Cidadãos".