sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Voto branco e voto nulo

Meter no mesmo saco os votos em branco e os votos nulos, são uma clara demonstração do quanto o voto em branco incomoda. São realidades distintas: uma coisa é o eleitor que não se dá à preguiça, levanta-se do seu sofá, e faz questão de exercer um direito com consciência cívica de que cumpre também um acto de responsabilidade social, e insere na urna o boletim em branco porquanto tem o direito a demonstrar o seu descontentamento para com quem se apresenta a votos. Outra coisa é o eleitor que rasura o boletim, ou manda "à merda" ou chama "filhos da puta" aos candidatos, que o faz por engano [no caso de rasura] ou por atitude de cobardia revanchista [no caso da injúria]. O voto em branco manifesta um desgosto, uma descrença, uma desilusão que é legítima e respeitável, por muito que custe a aceitar à classe política e a muitos analistas políticos com interesses partidários directos ou indirectos. Custa porque há uma cruel clareza no voto em branco: o atestado de incompetência e de falta de crédito à classe política em geral. E isso deve custar muito a engolir. Compreende-se.