segunda-feira, 7 de março de 2005

Breves notas acerca do Governo

1 – Reitero a fraca credibilidade de Alberto Costa para Ministro da Justiça, e da necessidade de tal pasta ser ocupada por quem suporte pressões e resistências corporativas, tal como afirmei aqui.
2 – A nomeação de Feitas do Amaral surpreende pela pasta que assume, embora possa representar algo que me parece positivo: a transferência do eixo de referência da nossa política externa dos EUA para a Europa. Esta nomeação prestigia o Governo, por muito que isso custe a alguns.
3 – O elevado número de independentes irá exigir de José Sócrates um enorme investimento em apoio político aos ministros independentes. Relevo especial para o Ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, que irá carecer de todo o apoio de José Sócrates para ultrapassar resistências políticas e partidárias para levar a cabo a sua espinhosa missão.
4 – O processo de constituição do elenco governativo correu de modo exemplar, e talvez por isso, se esperasse aqui e além uma maior consistência. Todavia, no aspecto global o elenco parece ser consistente e equilibrado, com alguns reparos que poderão ser importantes a médio/longo prazo:
a) Fraca representatividade da área mais Esquerda do PS, privilegiando o Centro, um pouco em contradição com o crescimento dos partidos de Esquerda [CDU e BE];
b) Escolha duvidosa para a área da Justiça a merecer, no máximo, o benefício da dúvida;
c) Previsível desgaste político-partidário acrescido do Primeiro-Ministro, atendendo à falta de peso político no PS da maioria dos titulares.
5 – Por fim, uma nota muito positiva para a blogoesfera: o Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações é Mário Lino do Puxapalavra.

j.marioteixeira@sapo.pt