segunda-feira, 14 de março de 2005

Por detrás do trono

O anúncio da alta médica do Papa para breve, retoma a questão da sucessão. Ninguém pode contestar o facto de João Paulo II estar visivelmente debilitado e, assim, sugerir fundados receios do seu calvário amarrar e limitar a actualização da Igreja Católica perante os fenómenos contemporâneos.
Em boa verdade não se sabe se a manutenção de João Paulo II advém do próprio ou não. O que se sabe do Santo Padre é por terceiros que estão com ele, que convivem com ele, que fala com ele, que lêem o que ele escreve. Há muito que o diálogo entre o Papa e a Comunidade Católica deixou de ser directo e pessoal e passou a sustentar-se em discursos formais e comunicados de imprensa.
Com respeito pela decisão de João Paulo II em levar até ao fim das suas forças a missão papal, não é de descuidar o perigo de instrumentalização do Papa para fins contrários ao desejável acompanhamento da reflexão católica sobre os desafios e valores dos tempos que vivemos.

j.marioteixeira@sapo.pt