terça-feira, 26 de abril de 2005

Notas de Segunda [atrasadas]

1 – A lista dos agentes do Estado Novo [PIDE-DGS, Legião Portuguesa ou lá o que for] que agora repousa [diz-se…] na Torre do Tombo, teve, para já, o condão de mostrar as nossas dificuldades de lidar com o passado recente. É curioso, no entanto, que seja o próprio António Arnaut vir a terreiro reiterar que se trata de uma lista de agentes. Parece que a questão embaraça mais quem a recebeu [Estado] do que quem a entregou [Maçonaria]. Não é curioso?
2 – As comemorações do 25 de Abril este anos primaram pela descrição. A continuar assim, está em boa marcha a tentativa de esbater da memória colectiva do que levou ao 25 de Abril e do que foi prometido aos portugueses.
3 – O último discurso comemorativo do 25 de Abril de Jorge Sampaio enquanto Presidente da República [PR], primou pela necessidade de se justificar. Com isso perdeu-se o significado profundo que a sua intervenção deveria ter tido. O que está em causa no país não é o carácter semi-presidencialista do nosso sistema político e os especiais cuidados que importam os poderes do PR. O que está em causa é fazer cumprir a Constituição e promover a criação de riqueza que torne tal tarefa possível. As comemorações do 25 de Abril não deveriam ter sido aproveitadas pelo PR para se reconciliar com o Parlamento, num gesto de apaziguamento de fim de mandato.
4 – Ainda acerca da lista dos agentes e de Jorge Sampaio, de registar a preocupação do PR que aquele registo esteja agora em segurança e com acesso restrito. Depois de 30 anos de posse pela Maçonaria, essa preocupação é louvável.
5 – O congresso deu finalmente ao CDS-PP um líder. Pelo menos formalmente.
6 – Ver a classe política a defender, cada um a seu modo, o avanço tecnológico do país, ao mesmo tempo que é incapaz de reformar o ensino e que se vê obrigada a importar médicos do estrangeiro, faz dar ainda mais valor a todos aqueles que nos laboratórios, frente ao seu computador ou perante um quadro de lousa, fazem experiências, programas, cálculos e formulações, inventam e descobrem, nas diversas universidades, institutos superiores, empresas e oficinas deste país. O que prova que o engenho existe, apenas ainda não chegou ao poder.

j.marioteixeira@sapo.pt