O fim de um pontificado e a esperança de um novo
A morte de Karol Wojtyla [o ser humano tornado Papa] e toda a sua agonia nitidamente transformada e explorada em mensagem e paradigma pela Santa Sé, foi o culminar de um pontificado marcado pela aproximação pacificadora a outras religiões, mas também pela obsessão pelo combate ao comunismo e da afirmação da ortodoxia imutável.
Compreende-se que perante a morte, se aplaudam os melhores feitos, se exaltem as virtudes e se desvie o olhar das faltas. Compreende-se em momento de nojo, de consternação pela morte de um ser humano. Mas deverá acabar aí, ao invés de se fazer disso procissão de fé.
O longo pontificado de João Paulo II deixa a Igreja Católica preza a um culto à agonia, ao sofrimento e à dor, ao invés de promover a alegria da vida. Não seria esse o intento do Papa, mas foi este o aproveitamento feito pelo Vaticano. Foi o elogio do sofrimento e da penitência, do calvário.
Foi ainda um pontificado marcadamente anticomunista, que se prima pela preocupação em restabelecer as liberdades individuais, também chegou ao ponto de criar perigosas relações entre o Banco Ambrosiano e o Banco do Vaticano, para apoio financeiro ao “Solidariedade” de Lech Walesa, que veio a culminar no assassinato de um banqueiro, em simulado suicídio sob um ponte londrina.
Foi ainda o pontificado de condenação sem tréguas ou concessões ao uso do preservativo, em atitude cega e irresponsável perante a realidade dos dias de hoje [e de então] com especial relevo para o Continente Africano.
Foi ainda o pontificado do aproveitamento final das aparições de Fátima, reconduzindo o terceiro segredo à própria pessoa de João Paulo II [o “homem de branco” que sofreria uma tentativa de assassinato].
Foi o pontificado da ascensão da Opus Dei nas estruturas da Santa Sé, resultado necessário e claro de uma doutrina eminentemente dogmática e hierarquizada.
Lamento a morte de Karol Wojtyla, como é sempre de lamentar a morte de um ser humano. Mas recuso o branqueamento do seu longo pontificado, como tem vindo a ser promovido nos últimos anos, explorando a sua debilidade física, a sua idade e a sua persistência.
Importa agora almejar um sucessor reformador e clarificador, que saiba recuperar a mensagem cristã por entre o dogmatismo empedernido do catolicismo, e o concilie com os tempos de hoje. Isto se a estrutura da Santa Sé o permitir.
j.marioteixeira@sapo.pt
Compreende-se que perante a morte, se aplaudam os melhores feitos, se exaltem as virtudes e se desvie o olhar das faltas. Compreende-se em momento de nojo, de consternação pela morte de um ser humano. Mas deverá acabar aí, ao invés de se fazer disso procissão de fé.
O longo pontificado de João Paulo II deixa a Igreja Católica preza a um culto à agonia, ao sofrimento e à dor, ao invés de promover a alegria da vida. Não seria esse o intento do Papa, mas foi este o aproveitamento feito pelo Vaticano. Foi o elogio do sofrimento e da penitência, do calvário.
Foi ainda um pontificado marcadamente anticomunista, que se prima pela preocupação em restabelecer as liberdades individuais, também chegou ao ponto de criar perigosas relações entre o Banco Ambrosiano e o Banco do Vaticano, para apoio financeiro ao “Solidariedade” de Lech Walesa, que veio a culminar no assassinato de um banqueiro, em simulado suicídio sob um ponte londrina.
Foi ainda o pontificado de condenação sem tréguas ou concessões ao uso do preservativo, em atitude cega e irresponsável perante a realidade dos dias de hoje [e de então] com especial relevo para o Continente Africano.
Foi ainda o pontificado do aproveitamento final das aparições de Fátima, reconduzindo o terceiro segredo à própria pessoa de João Paulo II [o “homem de branco” que sofreria uma tentativa de assassinato].
Foi o pontificado da ascensão da Opus Dei nas estruturas da Santa Sé, resultado necessário e claro de uma doutrina eminentemente dogmática e hierarquizada.
Lamento a morte de Karol Wojtyla, como é sempre de lamentar a morte de um ser humano. Mas recuso o branqueamento do seu longo pontificado, como tem vindo a ser promovido nos últimos anos, explorando a sua debilidade física, a sua idade e a sua persistência.
Importa agora almejar um sucessor reformador e clarificador, que saiba recuperar a mensagem cristã por entre o dogmatismo empedernido do catolicismo, e o concilie com os tempos de hoje. Isto se a estrutura da Santa Sé o permitir.
j.marioteixeira@sapo.pt
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