terça-feira, 5 de abril de 2005

"O VOTO FRANCÊS"

É o título do post de Guilherme d`Oliveira Martins, na Casa dos Comuns, que começa assim:
"A Europa está dependente da decisão do referendo francês sobre o Tratado constitucional europeu. O perigoso avanço do não nas sondagens das últimas semanas provoca inquietude e perplexidade. Para surpresa de todos, não se ouve uma argumentação clara e coerente".[...]
A argumentação coerente e clara de quem defende o "não" existe, é só querer ouvir.
Outra coisa, claro está, é acharmos que a verdade das coisas só está de um lado, e que as soluções boas são as nossas. Sem mais. Foi também a pensar assim que foi conduzido parte do debate dentro da própria Convenção, onde houve quem retirasse os auscultadores dos ouvidos quando havia críticas ao rumo que os trabalhos estavam a levar. Pergunte-se a José Pacheco Pereira se isso é verdade ou não.
É de reparar os estragos que a Directiva Bolkestein fez às contas de Chirac: os povos continuam preocupados em preservar as suas reservas de soberania e as suas protecções porque desejam uma Europa de nações e não uma "nação europeia". Se assim não fosse, a Declaração de Laeken não teria expresso a sua preocupação em que os futuros procedimentos fossem transparentes e abertos à participação popular, como modo de ultrapassar a famosa "Encruzilhada". Ora, o modo como foi redigido Tratado Constitucional Europeu é a negação disso mesmo.
Que o Tratado sofre de patente falta de legitimidade democrática e de participação popular é algo que resulta da nossa história recente, e não há citação que possa valer ou metáfora possa esconder.