A diferença de dizer “Não”
No SÍTIO DO NÃO, Pacheco Pereira tem vindo a dar conta, também, de quem defende o “Sim”. Presumo que numa postura de abertura ao debate para colmatar o défice democrático com que a Europa tem sido pregada entre nós. É uma opção que respeito, porque também entendo que só há verdadeiro debate quando todas as opiniões têm espaço para se darem a conhecer.
Tem ainda uma outra vantagem: possibilita que se denuncie, pelas palavras dos próprios, o modo arrogante como alguns defensores do “Sim” se referem a quem pensa de modo diferente. Digo e sublinho alguns, porque quem é do “Não” está habituado a ser encaixotado sob classificações de “extremistas”, “soberanistas, “nacionalistas”, comunistas”, e outros “istas” que por aí escorrem.
É o caso do trecho publicado no SÍTIO, da autoria de Mário Melo Rocha:
"O sítio do “não” agrupará por via negativa sem que haja um denominador comum para lá do próprio “não”. A extrema-direita e a extrema-esquerda juntar-se-ão aí. Integralistas, anti-europeus e eurocépticos militantes aí estarão. Saudosistas do Império aí residirão. Será um albergue destrutivo e demagógico. Uma espécie de novo “sítio do pica-pau amarelo” sem pirlimpimpim. Em que todos verão na Europa e no Tratado Constitucional bruxas e demónios, criaturas de três olhos e afins. Sabemos não ser assim. Mas também sabemos que não se sabe o que propõem para lá da rejeição."
Pela linguagem que emprega, percebe-se que assoma às suas preocupações o debate democrático, a troca de ideias. Percebe-se que não é nada dado a extremismos. Pelo contrário: está de braços abertos a debater ideias. Os outros, sim, são os das extremas Esquerda e Direita.
Quando se sofre de deficiência ao nível da acuidade auditiva, compreende-se que não se perceba o que os sons significam. Era o que se passava com o avô Faustino, como relatava Raul Solnado, que durante os bombardeamentos alemães gritava para não baterem com as portas sempre que uma bomba explodia.
Acontece que, globalmente, os defensores do “Não” têm sido muito claros nos sons que emitem: são claros a repudiar uma Constituição que foi redigida por gente que não foi nem mandatada nem eleita para tal; a repudiar uma lógica funcional e institucional que oriente o rumo da Europa como nação e não como Europa das nações, estabelecendo um hino e um lema; a repudiar a limitação da livre expressão dos povos, condicionando os termos e propósitos das suas próprias Constituições no futuro; a repudiar a falta de legitimidade democrática e de participação popular com que a Europa das nações tem sido vilipendiada.
Ainda bem que há o SÍTIO DO NÃO, ou estaríamos certamente bem enganados quando há bondade em algumas reivindicações de transparência de procedimentos e de democraticidade das escolhas.
j.marioteixeira@sapo.pt
Tem ainda uma outra vantagem: possibilita que se denuncie, pelas palavras dos próprios, o modo arrogante como alguns defensores do “Sim” se referem a quem pensa de modo diferente. Digo e sublinho alguns, porque quem é do “Não” está habituado a ser encaixotado sob classificações de “extremistas”, “soberanistas, “nacionalistas”, comunistas”, e outros “istas” que por aí escorrem.
É o caso do trecho publicado no SÍTIO, da autoria de Mário Melo Rocha:
"O sítio do “não” agrupará por via negativa sem que haja um denominador comum para lá do próprio “não”. A extrema-direita e a extrema-esquerda juntar-se-ão aí. Integralistas, anti-europeus e eurocépticos militantes aí estarão. Saudosistas do Império aí residirão. Será um albergue destrutivo e demagógico. Uma espécie de novo “sítio do pica-pau amarelo” sem pirlimpimpim. Em que todos verão na Europa e no Tratado Constitucional bruxas e demónios, criaturas de três olhos e afins. Sabemos não ser assim. Mas também sabemos que não se sabe o que propõem para lá da rejeição."
Pela linguagem que emprega, percebe-se que assoma às suas preocupações o debate democrático, a troca de ideias. Percebe-se que não é nada dado a extremismos. Pelo contrário: está de braços abertos a debater ideias. Os outros, sim, são os das extremas Esquerda e Direita.
Quando se sofre de deficiência ao nível da acuidade auditiva, compreende-se que não se perceba o que os sons significam. Era o que se passava com o avô Faustino, como relatava Raul Solnado, que durante os bombardeamentos alemães gritava para não baterem com as portas sempre que uma bomba explodia.
Acontece que, globalmente, os defensores do “Não” têm sido muito claros nos sons que emitem: são claros a repudiar uma Constituição que foi redigida por gente que não foi nem mandatada nem eleita para tal; a repudiar uma lógica funcional e institucional que oriente o rumo da Europa como nação e não como Europa das nações, estabelecendo um hino e um lema; a repudiar a limitação da livre expressão dos povos, condicionando os termos e propósitos das suas próprias Constituições no futuro; a repudiar a falta de legitimidade democrática e de participação popular com que a Europa das nações tem sido vilipendiada.
Ainda bem que há o SÍTIO DO NÃO, ou estaríamos certamente bem enganados quando há bondade em algumas reivindicações de transparência de procedimentos e de democraticidade das escolhas.
j.marioteixeira@sapo.pt
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