segunda-feira, 20 de junho de 2005

Notas de Segunda

1 - A postura de ameaça afrontosa dos senhores juízes ao Governo é o princípio do preço a pagar pela conduta errante de um Ministro da Justiça inócuo. Tanto mais que é patente que a Justiça não é prioridade deste Executivo, pelo que seria politicamente necessário um Ministro que, pelo menos, soubesse como empatar. Mas nem isso.
2 - As críticas à escolha do momento para greve por banda dos professores, esquece algo que é básico na construção do conceito do direito à greve: será tão ou mais eficaz quanto o impacto que provocam. Se começa a ser voz corrente criticar a convocação de greves para momentos que visam ampliar o seu impacto, então talvez seja hora de eliminar tal direito constitucional.
3 - A manifestação da extrema-direita não revela falta de perigo porque apenas reuniu uns poucos manifestantes. Antes se pronuncia como perigosa atendendo que há social e politicamente razões bastantes para os argumentos radicais, populistas e demagogos se espalharem.
4 - A discussão em torno do Orçamento da União Europeia mostrou que, afinal de contas, a tese da coesão económica e social como preocupação maior do projecto Europeu acima de quaisquer soberanismos se desfaz por completo quando o que se discute é dinheiro. Espanta que os mais radicais defensores do "Sim" à Constituição Europeia, a propósito da PAC e do fracasso das negociações, ainda não tenham classificado Chirac de soberanista.

j.marioteixeira@sapo.pt