O corporativismo
Os senhores juízes andam a ameaçar com greves, levando a cabo uma denominada "greve de zelo" que tem provocado ainda mais atrasos na realização da Justiça.
Tudo parece absorto em relação à gravidade da actual situação, não se tendo consciência do que está em causa. Na verdade, os senhores juízes são titulares de um órgão de soberania. O que aconteceria se os deputados da Assembleia da República, descontentes com o fim das reformas ao cabo de três mandatos, decidissem oragnizar um sindicato e realizar a tal "greve de zelo"? Porque não? Não são titulares de um órgão de soberania como os senhores juízes? Não viram afectados interesses próprios da sua carreira?
Esta postura do sindicato dos juízes é de uma total irresponsabilidade e cheira a um evidente corporativismo: em momento algum aquele sindicato decidiu, outrora, convocar qualquer "greve de zelo" em protesto ao desclabro da Acção Executiva ou pela injustiça do Código das Custas Judiciais. Em momento algum os claros e inequívocos ataques que há muito estão em marcha contra a tutela dos direitos e garantias de cidadania em Portugal, estimularam os senhores juízes a qualquer reacção.
Que este Governo não apresenta um programa político claro para a Justiça e que a condução, entre outras matérias, do processo de redução das férias judiciais é desastrosa é uma factualidade. Mas sejamos claros: a luta dos senhores juízes, que são titulares de um órgão de soberania, é meramente corporativa.
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