quarta-feira, 27 de julho de 2005

O manifesto

A propósito do manifesto, subscrito por diversos economistas, que critica a actual orientação do Governo em sede de investimento público, têm sido lançadas algumas ideias dúbias, tais como dizendo que os economistas em causa "(...) acham que o investimento em obras públicas é em princípio mau (e que ele é incompatível com a disciplina das finanças públicas)(...)" [Vital Moreira, in Causa Nossa]
Ora, será bom atentar que em momento algum do manifesto tal é afirmado. Antes, sim, está escrito o seguinte: "(...) O investimento público pode ter virtudes e pode ser um importante elemento estimulador do desenvolvimento".
O que realmente desagrada aos defensores dos projectos de investimento público defendidos pelo actual Governo, é a ideia central que logo se segue: "Mas não é, nas presentes circunstâncias da economia e das finanças públicas, o caso do investimento físico, sobretudo se dirigido a obras cujo mérito não tenha sequer sido devidamente demonstrado por estudos publicamente divulgados, credíveis e contraditáveis".
A prosa, tal como afirma Vital Moreira, até poderá ser "banal", mas a matéria não o é seguramente, diz respeito a opções e linhas de rumo que importarão um encargo que durará uns bons anos. Algo que parece estar a ser transformado em tabu: as coisas vão ser feitas porque o Governo diz que são importantes para o país, e ponto final.