Um paradoxo ou o triste fim do “Processo Alegre”
A tortuosa evolução da candidatura virtual de Manuel Alegre à Presidência da República, evidencia um fim indigno. Não só pelo principal intérprete mas, acima de tudo, por muitos que acreditavam que ainda havia uma reserva cívica republicana na qual se poderia rever e que afinal não existe.
Quando Manuel Alegre tomou consciência dos sinais de pressão para uma candidatura de Mário Soares, deveria ter imediatamente vindo a terreiro afirmar a sua candidatura. Obrigaria a direcção do PS a assumir a responsabilidade da escolha e, provavelmente, obrigaria Mário Soares a recuar nas suas ambições.
Não há desculpas de vagas de fundo, que Mário Soares também não conseguiu obter, ou de apoio partidário porque um republicano deve ter como pressuposto que uma candidatura presidencial é eminentemente pessoal.
Quando Salgado Zenha e Mário Soares se confrontaram, houve cisão no eleitorado PS.
Quando Jorge Sampaio se apresentou como candidato presidencial, a então direcção do PS teve nitidamente de engolir em seco.
Quando Manuel Alegre se demonstrou disponível para se candidatar, nada mais fez. Esperou o apoio do PS, quando como republicano deveria assumir o risco da decisão pessoal. Esperou pela vaga de fundo quando a mesma é uma quimera, pois verdadeiramente só houve uma vaga de fundo em eleições presidenciais: quando Mário Soares foi apoiado pelo PS e pelo PSD contra uma candidatura residual de Direita protagonizada por Basílio Horta.
O discurso ambíguo de Viseu deveria ter posto fim à virtual candidatura de Alegre. Teria ficado pelo limiar mínimo da dignidade republicana subalternizada à militância partidária. Insistir na troca de acusações e críticas com Mário Soares deita por terra o compromisso que Manuel Alegre assumiu em Viseu de não fracturar a Esquerda.
A candidatura de Manuel Alegre merecia melhor fim, menos triste.
j.marioteixeira@sapo.pt
Quando Manuel Alegre tomou consciência dos sinais de pressão para uma candidatura de Mário Soares, deveria ter imediatamente vindo a terreiro afirmar a sua candidatura. Obrigaria a direcção do PS a assumir a responsabilidade da escolha e, provavelmente, obrigaria Mário Soares a recuar nas suas ambições.
Não há desculpas de vagas de fundo, que Mário Soares também não conseguiu obter, ou de apoio partidário porque um republicano deve ter como pressuposto que uma candidatura presidencial é eminentemente pessoal.
Quando Salgado Zenha e Mário Soares se confrontaram, houve cisão no eleitorado PS.
Quando Jorge Sampaio se apresentou como candidato presidencial, a então direcção do PS teve nitidamente de engolir em seco.
Quando Manuel Alegre se demonstrou disponível para se candidatar, nada mais fez. Esperou o apoio do PS, quando como republicano deveria assumir o risco da decisão pessoal. Esperou pela vaga de fundo quando a mesma é uma quimera, pois verdadeiramente só houve uma vaga de fundo em eleições presidenciais: quando Mário Soares foi apoiado pelo PS e pelo PSD contra uma candidatura residual de Direita protagonizada por Basílio Horta.
O discurso ambíguo de Viseu deveria ter posto fim à virtual candidatura de Alegre. Teria ficado pelo limiar mínimo da dignidade republicana subalternizada à militância partidária. Insistir na troca de acusações e críticas com Mário Soares deita por terra o compromisso que Manuel Alegre assumiu em Viseu de não fracturar a Esquerda.
A candidatura de Manuel Alegre merecia melhor fim, menos triste.
j.marioteixeira@sapo.pt
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home