A crise do Projecto Europeu [3]
À margem da Conferência Internacional no Reino Unido, e perante mais um impasse em que os Senhores da Europa insistem em fazer prevalecer, os sinais claros e distintos da crise Europeia estão ao alcance de um mínimo de observação.
A distorção das regras de mercado e a consequente deturpação das regras de concorrência, têm criado o ambiente próprio para consolidação de uma espécie de cisma social. Se somarmos a isto a cultura mediática da tragédia, temos o cenário ideal para fazer baixar as ambições populares: vemos que estamos a perder qualidade de vida mas, ao mesmo tempo, damos graça por não termos maremotos, terramotos, sismos, monções, crianças cobertas de moscas, chacinas, valas em que se depositam centenas de cadáveres, etc., etc.
Não só se assiste à inversão da luta social, pois já não se tenta conquistar mas antes não perder o outrora conquistado, temos ainda um novo contentamento: não estamos melhor do que os outros mas também os outros estão a ficar como nós.
A abertura da Europa ao Oriente não trouxe qualquer vantagem económico-social para os Estados Membros. Ao contrário, ao aprofundar as sequelas de uma concorrência desleal, serviu de mote à regressão dos direitos sociais na Europa não só na perspectiva dos chamados “ganhos de competitividade” importando desde logo a contenção salarial, como, também, nesse desígnio sofístico e dogmático em que se tornou o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Eis que a Europa se encontra espartilhada pela concorrência do Oriente e pelo fundamentalismo do equilíbrio das Contas Públicas.
Para recuperar a lógica social das políticas económicas e financeiras, é necessário travar o processo de liberalização do mercado que neste momento assenta numa óptica de concorrência desigual. Se necessário for, deverá ser recuperada a estratégia proteccionista, de molde a minorar os malefícios de um mercado desequilibrado e de falsa concorrência.
Seria preferível recuperar o proteccionismo europeu do que insistir numa estratégia de aparente expansão do mercado quando este mesmo vê as suas regras subtraídas à lógica da livre e sã concorrência. Caso contrário, além de se estar a comprometer o futuro da economia europeia, estaremos, também, a pactuar com a exploração da miséria e da mão-de-obra sem direitos ou protecções sociais. E não foi para isso que se criou o Projecto Europeu.
j.marioteixeira@sapo.pt
A distorção das regras de mercado e a consequente deturpação das regras de concorrência, têm criado o ambiente próprio para consolidação de uma espécie de cisma social. Se somarmos a isto a cultura mediática da tragédia, temos o cenário ideal para fazer baixar as ambições populares: vemos que estamos a perder qualidade de vida mas, ao mesmo tempo, damos graça por não termos maremotos, terramotos, sismos, monções, crianças cobertas de moscas, chacinas, valas em que se depositam centenas de cadáveres, etc., etc.
Não só se assiste à inversão da luta social, pois já não se tenta conquistar mas antes não perder o outrora conquistado, temos ainda um novo contentamento: não estamos melhor do que os outros mas também os outros estão a ficar como nós.
A abertura da Europa ao Oriente não trouxe qualquer vantagem económico-social para os Estados Membros. Ao contrário, ao aprofundar as sequelas de uma concorrência desleal, serviu de mote à regressão dos direitos sociais na Europa não só na perspectiva dos chamados “ganhos de competitividade” importando desde logo a contenção salarial, como, também, nesse desígnio sofístico e dogmático em que se tornou o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Eis que a Europa se encontra espartilhada pela concorrência do Oriente e pelo fundamentalismo do equilíbrio das Contas Públicas.
Para recuperar a lógica social das políticas económicas e financeiras, é necessário travar o processo de liberalização do mercado que neste momento assenta numa óptica de concorrência desigual. Se necessário for, deverá ser recuperada a estratégia proteccionista, de molde a minorar os malefícios de um mercado desequilibrado e de falsa concorrência.
Seria preferível recuperar o proteccionismo europeu do que insistir numa estratégia de aparente expansão do mercado quando este mesmo vê as suas regras subtraídas à lógica da livre e sã concorrência. Caso contrário, além de se estar a comprometer o futuro da economia europeia, estaremos, também, a pactuar com a exploração da miséria e da mão-de-obra sem direitos ou protecções sociais. E não foi para isso que se criou o Projecto Europeu.
j.marioteixeira@sapo.pt
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