A recuperação do eixo franco-alemão
A redução do Estado Social e dos direitos laborais são opções das actuais políticas da França e da Alemanha, e marcam de modo profundo as opções de outros governos, como o caso português.
Recentemente foram anunciados na Alemanha importantes cortes salariais e de prestações sociais. A matriz das novas soluções políticas assenta na fria lógica da redução de custos, não importa as consequências sociais ou sequer a indisponibilidade de rendimento que faz empancar o funcionamento do mercado. As preocupações de distribuição de riqueza passam a estar subordinadas à lógica do custo contabilístico sem qualquer axioma sociológico.
Acontece que a recuperação de uma economia como a francesa ou a alemã, não se faz sem contribuição alargada dos demais parceiros europeus. Não porque sejam economias abertas dependentes de meras oscilações das demais, mas porque a impossibilidade de recurso a políticas cambiais decorrente dos pressupostos da moeda única, a crise social de que padecem e a inflexibilidade dos critérios do Pacto de Estabilidade e de Crescimento, não permitem que a solução seja meramente interna.
Ora, uma das diferenças do modo em que a retoma se proporciona no eixo franco-alemão à custa das demais economias, reporta-se ao mercado mais importante: o tecnológico. É por via da venda e aplicação da tecnologia, em larga escala, que se faz a verdadeira diferença entre as economias europeias.
Em Portugal, os investimentos do aeroporto da Ota e do TGV, independentemente de quaisquer estudos ou de necessidades, sempre teriam de acontecer. Se o caso da Ota se reconduz apenas à opção de localização, já que a necessidade parece existir, já o caso do TGV é bem diverso. Mas que ambos têm de arrancar por compromisso europeu, que num caso se suporta em fundos europeus e que no outro se rotula de “rede europeia de alta velocidade”, disso ninguém duvide. Outra coisa não seria de esperar, porque o eixo franco-alemão carece de vender a sua tecnologia e de emergir da crise em que se encontra mergulhado. O mesmo eixo que tenta ditar os principais projectos europeus com interesse, de acordo com as valências tecnológicas de que dispõem, porque há que ter retorno dos seus contributos em sede de Orçamento Comunitário.
Não fossem projectos de “interesse europeu” como o TGV, e onde poderia o eixo franco-alemão sustentar a retoma económica, para além da redução do Estado Social? Em que outro mercado, para além do europeu, poderia tal acontecer?
Esta é uma das abismais diferenças entre nações europeias: os que manobram alavancas e os que andam aos “choques”.
j.marioteixeira@sapo.pt
Recentemente foram anunciados na Alemanha importantes cortes salariais e de prestações sociais. A matriz das novas soluções políticas assenta na fria lógica da redução de custos, não importa as consequências sociais ou sequer a indisponibilidade de rendimento que faz empancar o funcionamento do mercado. As preocupações de distribuição de riqueza passam a estar subordinadas à lógica do custo contabilístico sem qualquer axioma sociológico.
Acontece que a recuperação de uma economia como a francesa ou a alemã, não se faz sem contribuição alargada dos demais parceiros europeus. Não porque sejam economias abertas dependentes de meras oscilações das demais, mas porque a impossibilidade de recurso a políticas cambiais decorrente dos pressupostos da moeda única, a crise social de que padecem e a inflexibilidade dos critérios do Pacto de Estabilidade e de Crescimento, não permitem que a solução seja meramente interna.
Ora, uma das diferenças do modo em que a retoma se proporciona no eixo franco-alemão à custa das demais economias, reporta-se ao mercado mais importante: o tecnológico. É por via da venda e aplicação da tecnologia, em larga escala, que se faz a verdadeira diferença entre as economias europeias.
Em Portugal, os investimentos do aeroporto da Ota e do TGV, independentemente de quaisquer estudos ou de necessidades, sempre teriam de acontecer. Se o caso da Ota se reconduz apenas à opção de localização, já que a necessidade parece existir, já o caso do TGV é bem diverso. Mas que ambos têm de arrancar por compromisso europeu, que num caso se suporta em fundos europeus e que no outro se rotula de “rede europeia de alta velocidade”, disso ninguém duvide. Outra coisa não seria de esperar, porque o eixo franco-alemão carece de vender a sua tecnologia e de emergir da crise em que se encontra mergulhado. O mesmo eixo que tenta ditar os principais projectos europeus com interesse, de acordo com as valências tecnológicas de que dispõem, porque há que ter retorno dos seus contributos em sede de Orçamento Comunitário.
Não fossem projectos de “interesse europeu” como o TGV, e onde poderia o eixo franco-alemão sustentar a retoma económica, para além da redução do Estado Social? Em que outro mercado, para além do europeu, poderia tal acontecer?
Esta é uma das abismais diferenças entre nações europeias: os que manobram alavancas e os que andam aos “choques”.
j.marioteixeira@sapo.pt
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