Para esclarecer
Escrevi aqui que se Manuel Alegre se candidatasse, eu votaria nele. Houve já quem me perguntasse por diversas vezes: e agora?
Após o discurso de Viseu, e a sua posterior inflexão, critiquei dois erros crassos por si cometidos: o de não arrancar mal se apercebeu que a actual direcção socialista não estaria interessada em apoiá-lo e antes do anúncio da candidatura de Mário Soares; e ter dito que com ele não haveria divisões no PS quando a sua iniciativa não poderia deixar de as provocar.
Pelo meio, cometeu ainda o erro – esse de apreciação muito mais subjectiva, é certo -, de ter elogiado o modo como Jorge Sampaio exerceu os seus mandatos. Mas essa crítica é colateral ao que aqui se aborda.
Não me recordo de alguma vez ter apoiado e votado em homens perfeitos, imunes a erros e a falhas, pela simples razão que não existem. Sei, isso sim, que a eleição do próximo Presidente da República [PR] é de uma importância fulcral, pela simples razão que lhe cabe cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa [CRP]. Porque é este último reduto de defesa das garantias sociais que a CRP consagra, que nos permite ainda ter esperança que a evolução da sociedade não tome apenas o rumo dos números e das fórmula, e reserve, ainda, respeito ao cidadão, às conquistas sociais e à língua portuguesa.
Manuel Alegre não meteu o socialismo na gaveta, não amarrotou uma lista de cem medidas, ou não desbaratou oportunidades de ouro de apoios comunitários que foram espargidos sem controlo ou fiscalização, perdidos em carros super-desportivos ou propriedades imobiliárias.
O nome de Manuel Alegre não divide a Esquerda. Aliás, se a actual direcção do PS não tivesse feito de tudo para contornar uma candidatura de Manuel Alegre a PR, este seria um nome muito mais consensual para um eventual entendimento, do que alguma vez será Mário Soares.
Por fim, Manuel Alegre é o candidato que não só afirma, realisticamente, que não será ele a resolver os problemas prementes da Pátria – sim, “Pátria”, o vocábulo que não tem vergonha de usar -, como não discursa como se o país tivesse uma qualquer dívida de gratidão para com ele.
Não abdico das críticas que fiz a Manuel Alegre quanto ao modo como a sua candidatura arrancou. Mas também não abdico de assumir que lhe confiarei o meu voto, porque acredito que não violará a confiança que lhe será depositada como outros já o fizeram no passado; porque fez despertar a iniciativa popular; porque com a sua idade bem que poderia acomodar-se, ao invés de descer a terreiro sem base ou organização partidária e enfrentar um desafio decisivo para o resto da sua carreira política e mesmo da sua longa condição de militante socialista.
j.marioteixeira@sapo.pt
Após o discurso de Viseu, e a sua posterior inflexão, critiquei dois erros crassos por si cometidos: o de não arrancar mal se apercebeu que a actual direcção socialista não estaria interessada em apoiá-lo e antes do anúncio da candidatura de Mário Soares; e ter dito que com ele não haveria divisões no PS quando a sua iniciativa não poderia deixar de as provocar.
Pelo meio, cometeu ainda o erro – esse de apreciação muito mais subjectiva, é certo -, de ter elogiado o modo como Jorge Sampaio exerceu os seus mandatos. Mas essa crítica é colateral ao que aqui se aborda.
Não me recordo de alguma vez ter apoiado e votado em homens perfeitos, imunes a erros e a falhas, pela simples razão que não existem. Sei, isso sim, que a eleição do próximo Presidente da República [PR] é de uma importância fulcral, pela simples razão que lhe cabe cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa [CRP]. Porque é este último reduto de defesa das garantias sociais que a CRP consagra, que nos permite ainda ter esperança que a evolução da sociedade não tome apenas o rumo dos números e das fórmula, e reserve, ainda, respeito ao cidadão, às conquistas sociais e à língua portuguesa.
Manuel Alegre não meteu o socialismo na gaveta, não amarrotou uma lista de cem medidas, ou não desbaratou oportunidades de ouro de apoios comunitários que foram espargidos sem controlo ou fiscalização, perdidos em carros super-desportivos ou propriedades imobiliárias.
O nome de Manuel Alegre não divide a Esquerda. Aliás, se a actual direcção do PS não tivesse feito de tudo para contornar uma candidatura de Manuel Alegre a PR, este seria um nome muito mais consensual para um eventual entendimento, do que alguma vez será Mário Soares.
Por fim, Manuel Alegre é o candidato que não só afirma, realisticamente, que não será ele a resolver os problemas prementes da Pátria – sim, “Pátria”, o vocábulo que não tem vergonha de usar -, como não discursa como se o país tivesse uma qualquer dívida de gratidão para com ele.
Não abdico das críticas que fiz a Manuel Alegre quanto ao modo como a sua candidatura arrancou. Mas também não abdico de assumir que lhe confiarei o meu voto, porque acredito que não violará a confiança que lhe será depositada como outros já o fizeram no passado; porque fez despertar a iniciativa popular; porque com a sua idade bem que poderia acomodar-se, ao invés de descer a terreiro sem base ou organização partidária e enfrentar um desafio decisivo para o resto da sua carreira política e mesmo da sua longa condição de militante socialista.
j.marioteixeira@sapo.pt
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