segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

A derradeira fuga de Pinochet [corrigido]

Ontem consumou-se a fuga de Pinochet. Com a usa morte, caiu por terra a possibilidade de o levar à justiça. Fica mais um criminoso da humanidade por julgar, mais um sanguinário.
Pena que em relação ao ditador chileno, não tenha havido a mesma perseguição que os falcões norte-americanos e britânicos movem contra outros perigos à democracia.
No caso dos EUA até se entende, pois foi quem preparou o terreno ao triunfo de Pinochet. Mas disso não se fala. Do 11 de Setembro de 1973 pouco importa, o que importa é o 11 de Setembro de 2001. Não se fala que os EUA, através da Companhia ITT pagaram aos camionistas para não abastecerem os mercados de Santiago o Chile. Com a escassez dos bens de primeira necessidade, a classe média/alta, menos protegida pelas políticas sociais do Presidente socialista democraticamente eleito, Salvador Allende, veio para a rua de panelas na mão e de jóias ao pescoço, fazer protestos. As portas ao golpe militar de Pinochet abriram-se, e assim se deu o 11 de Setembro de 1973, culminando com o assassinato de Allende.
Após o golpe, milhares de chilenos foram assassinados. O requinte de malvadez dos seguidores de Pinochet, chegou ao ponto de cortar as mãos ao cantor chileno Vítor Jara para depois lhe ser oferecida uma viola dizendo-lhe “toca e canta!”.
Foi esta bestialidade que os EUA apoiaram de princípio ao fim. E são estas e outras bestialidades que depois causam os outros “11 de Setembro”, esses sim condenados por toda a chamada Comunidade Internacional.
Augusto Pinochet morreu de velho, em liberdade, e por isso nada me agrada o seu fim, que desejaria atrás das grades. Mas convém lembrar que Pinochet não governou sozinho, e muitos sanguinários ainda poderão, e deverão, ser levados à Justiça.
j.marioteixeira@sapo.pt