segunda-feira, 2 de julho de 2007

Pesos e medidas

É normal serem aplicadas sanções económicas a países cujos regimes violam os Direitos Humanos, ou desrespeitam imposições da ONU, ou por outra razão "qualquer".
Não vai há muitos anos, tivemos em Portugal uma campanha para que não se comprasse produtos feitos na Indonésia porque ocupava ilegitimamente Timor, pela força e pelo sangue.
Curiosamente já não nos importamos que todos os dias sejam executados chineses. Aliás até se dá benefícios fiscais ao comércio chinês. E, acrescentando o facto de venderem de tudo mais barato do que no comércio tradicional, percebe-se como não há terra que não tenha a chamada "loja dos chineses".

Também não nos preocupa que a China, a India, o G8 em geral, sejam os principais poluidores do planeta que habitamos. Queixamo-nos que as radiações estão no auge, que sofremos com isso, mas barato é barato e em tempos de vacas magras há que fazer pela vida.

Também não haverá Estado que não tenha culpas na degradação do ambiente. Nesse sentido um estudo da OMS, divulgado no passado mês, estimava que 15 mil portugueses morriam todos os anos por causas ambientais.
A tal estudo não foi dado grande relevo. Como foi dado, por exemplo, às contas do Infarmed acerca dos custos para o Estado dos malefícios do tabaco. Compreende-se a diferença de divulgação, de atitude: é que quanto ao tabaco está na praça a lei anti-tabaco com evidente escopo económico na obtenção de recitas por via das multas, e quanto ao ambiente se alguém deveria ser castigado teria de ser o Estado. Além de que verdadeiras medidas de protecção ao ambiente exigem investimento ao invés de ajudarem a combater o défice.
Culpe-se pois o tabaco, e continue-se a ignorar o transporte público não poluente, a empestar os rios e os mares com esgotos. É, sem qualquer dúvida, bem mais rentável.