"Projecto" em que sentido?
Com o Euro bem mais caro do que o Dólar, e com a alta das taxas de juro - o que significa que o dinheiro custa cada vez mais caro com os consumidores a ganharem cada vez menos- sempre será de perguntar afinal qual é, actualmente, o Projecto Europeu?
Ao Banco Central Europeu é fácil defender o combate ao défice e à inflação como prioridades. Mas os Estados têm de dar resposta às exigências sociais e estas importam riqueza.
Falar numa Europa solidária e social, com o desemprego em alta e com perda de concorrência face à valorização em relação ao Dólar, é uma hipocrisia: não é possível distribuir a riqueza que não existe ou que não se cativa. Nem é caminho sério e honesto ganhar competitividade, ou receita, sacrificando o rendimento de quem produz.
Por cá, não se vislumbram quaisquer sinais de retoma económica. E o desespero preguiçoso daqueles que só agora perceberam a estupidez que foi, e que é, o endividamento dos orçamentos familiares - tantas vezes por coisas supérfluas que mais não foram, ou são, exercícios parolos de vaidade ou inveja - também não ajuda nada numa "cultura de crise". Sim, porque a "cultura de crise" existe, é nos servida todos os dias e cumpre a sua função de medo e de castração.
Para além do combate ao défice e á inflação que as mais altas autoridades financeiras tanto debitam, e do artificial discurso do social e do solidário, não se apresentam quaisquer reais propósitos da Europa para a criação de emprego, de criação de receita sustentada para a acção social. Porque isso implica reflexão e concertação entre nações. Algo que, ao contrário do que nos querem fazer crer com cimeiras e conferências, é cada vez mais difícil.
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