Chulice
Enquanto os lucros encheram bolsos, não se admitia intervenção do Estado. Agora que o dinheiro milagrosamente desapareceu do mercado financeiro - dando-se-lhe a eufémica designação de "falta de liquidez" - o Estado intervem, financiando ou garantindo.
Aos empresários por exemplo da construção civil (que interferem profundamente com a economia portuguesa) cumpridores que investem nas suas empresas avalizando financiamentos bancários (que assim arriscam tudo o que têm para que a empresa subsista), o Estado não empresta dinheiro nem avaliza os seus empréstimos. Mas à banca, donde desapareceram milhões (sabe-se lá para onde), a essa sim, pois que é necessário repôr no mercado aquilo que, curiosamente, a própria banca fez desparecer: dinheiro.
Como está patente que a tal liquidez que o Estado disse que queria garantir no mercado não está a chegar às empresas, só se pode concluir duas coisas:
1 - os apoios dados pelo Estado com o dinheiro dos contribuintes tem servido para tapar os buracos deixados em aberto pelo desvio de milhões para contas algures no triângulo das Bermudas;
2 - não foi exigido no plano de apoio financeiro estabelecido à banca, qualquer tipo de garantia de liquidez a curto prazo nos apoios às empresas, nem sequer um mínimo de objectivos estratégicos de financiamento às actividades económicas.
Daí que não me envergonha nada designar esta vassalagem do Governo à banca à custa do nosso dinheiro (arrecadado a torto e a direito com a desculpa do combate ao défice, que já foi metido na gaveta ao lado do socialismo de Mário Soares) como uma mera e pura chulice!
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