quinta-feira, 26 de março de 2009

Digam o que disserem...

... para mim "Bossa nova" é fado transformado em jazz.

Formatação

É tão giro ver os funcinários bancários em grupos de antracite, em que a única coisa que os faz individualizar, além da estatura, é a cor da gravata. Como se viessem todos da mesma linha de produção, com o mesmo acabamento, excepto na diferença de cor daquela estreita pincelada do pescoço à cintura.

Por vezes

Por vezes o caminho
Que não se toma
Por vezes o caminho
Que se abandona
Outras vezes a palavra
Que nos é dita
Outras vezes a palavra
Que nos transforma
Outras vezes a palavra
Que nos irrita
Outras vezes a palavra
Que nos conforta
Temos a palavra amiga
Temos a palavra solta
Temos a palavra que grita
Temos a palavra louca
Por vezes é caminho
Que seguimos
Por vezes é tempo
Que nos abandona.

Assim passa o tempo

Parece que foi ontem, mas não foi: este blogue fez 5 anos no passado dia 23.
Obrigado ao Bloganiversário pela lembrança.
Na verdade, olhando para trás não parece tanto assim que foi ontem. Pensando bem, foi bem mais do que ontem. Foram muitas sensações, muitas ideias, alguns devaneios (poucos...). Acima de tudo já foram muitas palavras, imagens e sons.
Não sei quanto mais haverá, mas, por enquanto, alguma coisa dará.

Mestres do passado: Tom Jobim e Elis Regina

Alma lusa

"Obra de fancaria": trabalho feito de modo atabalhoado.

Perspectivas: Museu do Bardo (1)


Fonte romana, nesta nova série dedicada ao museu tunisino.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Hiato

Durante umas semanas este blogue esteve sem publicações. E esteve por uma razão muito simples: estive a reflectir sobre o que haveria de escrever. Não no sentido de obrigação, de ter de escrever algo que agrade a quem leia, que suscite concordâncias ou elogios. Não no sentido de ser actual, de ser atento. Não no sentido de ser crítico, apesar de não faltar o que criticar.
Nada disto.
Tentei ouvir o que me compelia a escrever, e percebi que não é mais nem menos do que aquilo que já está escrito: por mim e, principalmente, por outros, acerca dos mais diversos assuntos. Apenas mudavam os sujeitos e o enquadramento espacial e cronológico. Mas a génese, essa estaria sempre aprisionada à mesma matriz: contestar.
Reflecti sobre o que haveria de escrever, escutando-me, e apercebi-me que, no fundo, este blogue se afastava cada vez mais do que me apetecia escrever, e se aproximava mais do que me sentia obrigado a escrever.
Aqui e além fui capaz de alguma rebeldia, e escrever coisas sobre o "Tono". Mas pouco mais. Logo voltei à rotineira análise crítica do dia-a-dia informativo, daquilo que é notícia, daquilo é (segundo nos querem fazer crer) importante.
Desde 20 de Fevereiro passado, que reflecti sobre o que me apetecia fazer com o blogue, e percebi que era algo bem diferente do que estava a ser feito.
É tempo deste blogue voltar aos tempos da sua própria identidade, e largar o vício da actualidade formatada pela comunicação social e pela vida pública que lança os temas a que nos atiramos sofregamente, conforme as sensibilidades.
Cheguei à conclusão que, depois de fazer parte daqueles a quem muito foi prometido com a "Revolução dos Cravos" por oposição ao Estado Novo, para depois nos entregarem um país mal tratado na economia, nas finanças, na cultura, na justiça, na saúde, na educação, na segurança, ou seja nos pilares de qualquer sociedade civilizada moderna, só me resta tentar mudar um pouco á minha volta esta triste realidade em que sucessivas gerações de desonestos intelectuais fizeram mergulhar o meu país.
Não é abdicar de lutar pela mudança, é antes compreender que não adianta combater pelas vias ortodoxas, e, muito menos, deixarmo-nos escravizar pela "actualidade".
Só me é possível, enquanto indivíduo, mudar à minha volta, influenciando positivamente em quem me é próximo, com quem interajo. E, pelo meio, votar em branco com a esperança que mais gente demonstre, em crescendo, o seu descontentamento com quem, democraticamente, assaltou a república.
Em conclusão: este blogue vai mudar de sentido. Este foi um hiato de intervalo mas também de ruptura. Tentará voltar à palavra pela palavra, à imagem pela imagem, e á espiritualidade, e não mais com o viciado fito de ser "actual". Voltará a ter "sentidos", e não um só. E sempre que possível, com alguma graça.
O blogue regressa às publicações para a semana.