“Indices de poder de compra concelhio revelam grandes disparidades em Portugal"
"Lisboa, 24 Jan (Lusa) - Lisboa, com um poder de compra quase 2,8 vezes acima da média, e Celorico de Basto (Braga), com pouco mais de dois quintos da média, revelam as disparidades de nível de vida em Portugal, indicou hoje o INE.
O estudo sobre o poder de compra concelhio por habitante, hoje divulgado pelo INE, mostra que 21 concelhos detêm metade do poder de compra nacional (Lisboa e Porto concentram quase um quinto), cabendo a outra metade aos restantes 291 municípios.
O INE revela que entre os 10 concelhos com menor poder de compra em Portugal metade são do distrito de Viseu, dois da região autónoma da Madeira, um do distrito de Braga, um do distrito de Vila Real e outro dos Açores.
Todos aqueles concelhos têm menos de metade do poder de compra médio nacional por habitante, tendo o mais desfavorecido um poder de compra por habitante 6,6 vezes abaixo do verificado na capital.
O concelho do Porto está próximo do dobro da média nacional de poder de compra por habitante (98,48 por cento acima).
Entre os 10 mais, seguem-se Oeiras (80,97 por cento acima da média), Cascais (62,29 por cento), Albufeira (41,17 por cento), Faro (40,15 por cento), Coimbra (32,47 por cento, Amadora (29,09 por cento), Matosinhos (25,86 por cento) e Aveiro (21,53 por cento).
Nos 10 menos, a seguir a Celorico de Basto (poder de compra por habitante 58,23 por cento abaixo da média nacional), surgem Sernancelhe (Viseu), 57,93 por cento abaixo, Cinfães (Viseu), 57,29 por cento abaixo, Ribeira de Pena (Vila Real), 56,22 por cento abaixo, Penalva do Castelo (Viseu), 55,98 abaixo.
Surgem, ainda, Câmara de Lobos (Madeira), 55,65 por cento abaixo do poder de compra médio por habitante em Portugal, Armamar (Viseu), 55,45 por cento abaixo, Resende (Viseu), 55,22 por cento abaixo, Vila Franca do Campo (Açores), 54,91 por cento abaixo e Santana (Madeira), 54,78 por cento abaixo".
FVZ. Lusa/Fim”
[in Lusa]
Os números denunciam o que se vai passando com o nosso sistema eleitoral, com a concentração do poder político, com o peso das influências e dos clientelismos em que se encontram reféns as nossas instituições ditas representativas.
A verdade nua e crua é que não há um só Portugal, mas muitos. Tudo depende onde nos encontramos. Digamos que se trata de uma questão meramente geográfica...
j.marioteixeira@sapo.pt